quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Passou agosto


A bruxa que me habita anda bem solta. Dentro de mim. Sua vassoura é minha imaginação. O espaço de acontecimento é limitado. Alguns vôos cegos contra as paredes dos meus limites a faz circular um pouco e esmorecer rapidamente. Cai sorrindo. Sinto o corpo tremendo e fumaça verde saindo pelo ouvido. Que diferença, ser sexta-feira. Que importância nossos sextos-sentidos, se estão em cestas-básicas de fome. Não enchemos nossa barriga que ronca. Enchemos lingüiças da vida, com carne defumada e papelão molhado, é pobre o conteúdo. Não satisfaz. Seguimos famintos pelo caminho.Tem uma inquietação que devora por dentro em pequenas mordidas que parecem cócegas se nos distraímos. E ardem se nos revoltamos. Chove na rua, ventam os uivos gelados do inverno e o vazio traz um frio mórbido, mas refrescante. Apesar de tudo, estou feliz. Me organizando. Há séculos que não tenho um final de semana só pra mim.Que importa, ser dia treze. Qualquer noite de liberdade já é um ano no calendário gregoriano. Vou ficar comigo. Só. Hoje não cabe mais gente nessa redoma repleta com minha própria multidão. Não há desgosto num mês como este que passou. Sinto um gostinho manso do que está por vir e salivo. Já nem lembro o quanto fui em outros tempos. Agosto não é um susto, é um mês marcado pelo encontro certo com nossos demônios que soltam foguetes no salão de festas da nossa inconsciência e nem ouvimos. Não os espantemos, eles são santos, são de casa. Fazem milagres. E, já é setembro!

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